quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A criança e o design - aprender brincand


“Todo o ser humano é um designer!”

A afirmação acima pode parecer um tanto enfática porém, sua validade é facilmente comprovada.
Diariamente, o ser humano planeja as suas atividades do dia, escolhe uma roupa, arruma o seu quarto,
prepara o seu alimento, realiza escolhas, toma decisões estéticas, resolve problemas corriqueiros, faz uso dos
recursos tecnológicos disponíveis, interage com o ambiente e com os objetos que o cercam, enfim, age de
forma ativa e intencional, interferindo e transformando o entorno. Assim, num sentido mais abrangente,
pode-se dizer que o ser humano desenvolve atividades de design diariamente. E isto vem da infância. Porém,
nem todas as atividades desenvolvidas por ele e nem todas as transformações provocadas no entorno fazem
parte deste universo. Se faz design, quando se objetiva otimizar as soluções dos problemas apresentados no
dia-a-dia dentro de determinadas circunstâncias. O design fita determinar a melhor solução, normalmente
delimitada por parâmetros previamente definidos.
O design é uma atividade desenvolvida pelo ser humano e para o ser humano. A maior parte dos animais não
tem esta capacidade – poder – de dominar e condicionar o seu entorno de forma intencional e consciente. As
habilidades de governar e controlar o ambiente, exigem responsabilidade e comprometimento de quem as
pratica. Fazer design é justamente praticar estas habilidades da melhor maneira possível, de forma ética,
estética, consciente e responsável.
Assim, pode-se dizer que o design constitui a interface nas relações estabelecidas entre o ser humano e o
entorno. Representa, de certa maneira, uma interação ótima destes elementos. Nestes termos, o ser humano,
num processo colaborativo, explora, usa e transforma intencionalmente as coisas da natureza do seu entorno,
fazendo deste lugar a sua moradia.



A interação com, a interferência no e as transformações do entorno promovidas pelo design só se
viabilizaram, devido a outra importante capacidade tipicamente humana. Indissociável da capacidade de
desenhar o mundo, esta outra diz respeito ao desenvolvimento e aplicação da tecnologia. Enquanto o design
propicia pensar, planejar e criar os objetos e o entorno, a tecnologia torna possível realizá-los.
Alguns seres humanos procuram, por vocação ou interesse próprio, desenvolver um pouco mais uma ou
outra capacidade. Assim, numa sociedade organizada, encontra-se sujeitos que se dedicam e que fazem do
design e da tecnologia atividades profissionais. Desta forma, estas atividades exigem formação adequada em
instituições de ensino profissionalizante – normalmente em instituições de ensino superior. Porém, deve-se
ter sempre em mente que as capacidades de “desenhar” [to design] , de “construir” [to make] e de “utilizar”
[to use], são características comuns a todos os seres humanos, independentemente de sexo, cor, idade ou
raça.

Vale lembrar que todas as crianças, meninos e meninas, nascem com a capacidade de sentir prazer em
aprender e interagir com o mundo a sua volta (BAYNES, 1992). Isto é inato no ser humano. Um dos mais
básicos e importantes impulsos humanos, já manifestados muito cedo na sua infância, é divertir-se
descobrindo as coisas do mundo por si, acompanhadas de outras crianças ou com a colaboração dos adultos.
Parece existir por trás de cada descoberta realizada pela criança, um sentimento que reforça e reafirma a sua
existência. É primordial que as crianças, principalmente as mais pequenas, mesmo diante de eventuais
dificuldades, persistam ou então sejam motivadas – estimuladas – a continuar no caminho da descoberta. Isto
exige algum esforço, mas com ele a criança aprende a valorizar os resultados obtidos. Este é, segundo Ken
BAYNES (1992), um dos primeiros passos que as crianças devem dar em direção à aquisição da tenacidade
e ao desenvolvimento do pensamento criativo, fatores essenciais no enfrentamento da vida, no exercício do
controle sobre o entorno e na construção do futuro.



Os principais recursos utilizados – de forma natural e intuitiva – pelas crianças para interagir com o mundo
e com os outros, são os jogos e as brincadeiras. Ao se refletir um pouco sobre as coisas que as crianças fazem
enquanto brincam, é fácil entender porque as atividades são tão importantes para a formação infantil e das
crianças em fase escolar. É fácil também identificar as questões relativas as capacidades humanas de
“desenhar” e “construir” seu mundo.
As atividades de design se assemelham aos jogos e brincadeiras e possuem um valor educacional tão grande
quanto eles e também permitem oferecer às crianças e jovens idéias e ideais corretos e adequados sobre a
vida cotidiana e sobre a cultura material. “Desenhar” e “construir” coisas pode ser também um modo de
brincar e assim, de interagir com o ambiente e com os outros. De certa forma, as crianças e jovens na EdaDe
aprendem brincando e interagindo com o meio e com os demais.






As atividades de design e o brincar permitem à criança aprender a solucionar problemas e explorar o mundo
de forma mais espontânea, livre e flexível:
“Ao brincar, a criança não está preocupada com os resultados. É o prazer e a motivação que impulsionam a
ação para explorações livres,. A conduta lúdica, ao minimizar as conseqüências da ação, contribui para a
exploração e a flexibilidade do ser que brinca, incorporando a característica que alguns autores denominam
futilidade, um ato sem conseqüência. Qualquer ser que brinca atreve-se a explorar, a ir além da situação dada
na busca de soluções pela ausência de avaliação ou punição. Bruner [...] entende que a criança aprende ao
solucionar problemas e que o brincar contribui para esse processo”


Escrito por : FONTOURA, Antônio M.
Doutor em Engenharia da Produção
PUC PR / UFPR / CEFET PR

Um comentário:

  1. Então é isso aí gente... Vamos liberar a criança que agente tem e aprender com diversão..
    Adorei Marcela.. Bjus

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